A Confederação do Equador
A Confederação do Equador
A situação econômica nacional estava para lá de complicada. E piorou ainda mais quando o Imperador tentou substituir o presidente da província de Pernambuco, Manoel Paes de Andrade, por um de sua estreita confiança. Foi o estopim para que a população se revoltasse. A reação foi tão contundente que não só romperam com Dom Pedro I, como proclamaram Pernambuco como uma republica independente. A unidade nacional, tão cuidadosamente mantida pelas elites, estava agora em perigo.
O movimento ganhava apoio de insatisfeitos de outras províncias. A força delas juntas tinha um significado bastante relevante: o Nordeste parecia insurgir contra o Império. Essa "confederação" de províncias ganhava poder e conquistava objetivos claros. Ficou decidido que haveria um único governo para todas as províncias e foi abolido o trafico de escravos.
Uma República Federalista no Brasil?
Assim decidiram os revoltosos daquela confederação que se formava com a união das províncias de Pernambuco, Alagoas, Bahia, Maranhão, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. Paes de Andrade chamou a aquela união que surgia no dia 2 de julho de 1824 de "Confederação do Equador".
O modelo americano de Estado acabou servindo de referencia. O federalismo caracterizava sua forma enquanto a representatividade nos moldes republicanos caracterizava o governo daquele novo Estado que surgia. Uma constituinte foi organizada para discutir e estabelecer uma Constituição baseada num esboço elaborado por Paes de Andrade. Nele os poderes seriam dois: o Executivo e o Legislativo, cabendo a esse ultimo o papel de decidir, enquanto ao Executivo, o de representar os interesses políticos da Confederação.
Quando a liberdade não interessa...
Uma decisão prevista na Constituinte dividiu o movimento. A abolição do trafico de escravos no Porto de Recife produziu o recuo dos senhores de terra. Sob a alegação de que essa medida afetaria a produção e os lucros. Outro aspecto que também viria reforçar a divisão do movimento e ajudaria no enfraquecimento da união era a falta de apoio popular. Sem o apoio popular, o movimento não teria êxito e essa participação popular significaria dar voz a uma população reprimida pela autoridade dos proprietários de terra. Portanto, dois fatores altamente relevantes daquele período em que decisões eram tomadas por quem tinha o poder. Jamais as elites admitiriam abrir mão dele.
A reação
Não dava para se esperar outra reação do governo senão a repressão ao movimento. O que estava em jogo não era somente desfazer a imagem de rebeldes insatisfeitos com o governo, o que mais incomodava era a possibilidade de ruptura da unidade nacional. Por isso, o governo reage com força.
Como no passado o governo recorre a Inglaterra, pedindo um empréstimo no valor de um milhão de libras. Com todo esse dinheiro, uma poderosa força militar e organizada. Mercenários ingleses são contratados e pelo mar seguem para o Nordeste se aliando ao Brigadeiro Lima e Silva (pai de Duque de Caxias) que por terra vai dar combate aos revoltosos. A estratégia do governo era cercar de todos os lados os rebeldes e impedir o avanço do movimento por outras províncias, além de combate-las individualmente impedindo que se unissem e fortalecessem.
E os rebeldes lutavam e lutavam e...
Sem armas suficientes e sem navios para combater as mercenários a serviço do Imperador, os rebeldes resistiram por dois meses à força militar do governo. Ao final dos combates e com os rebeldes derrotados, os vitoriosos praticaram atos violentos contra o povo e a cidade de Recife, incendiando casas e matando inocentes. Para vários lideres do movimento não restou nenhuma esperança.. Os capturados foram presos e a morte foi a pena de condenação. Frei Caneca morreu fuzilado.
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