Um "ilustrado" na corte portuguesa

As intervenções de governantes enérgicos não ocorriam apenas em Portugal. Toda essa fase da vida europeia foi marcada pelo chamado despotismo esclarecido, isto é, a tentativa de conciliar as ideias iluministas às práticas políticas e econômicas, empreendidas por alguns Estados que não haviam passado por um processo revolucionário do tipo burguês clássico.
Portugal arrastava-se, havia várias décadas, numa crise econômica de grandes proporções devido principalmente à perda de suas possessões na Ásia, no decorrer do século XVII (17), e agravada pelos efeitos do Tratado de Methuen, assinado em 1703 entre os governos português e inglês.
Pelo Tratado de Methuen, Portugal, com uma economia destruída pelas décadas de dominação espanhola e de lutas pela restauração de sua independência, teria facilidades comerciais para adquirir tecidos de lã ingleses, enquanto a Grã-Bretanha compraria com impostos menores os vinhos produzidos em Portugal. Por isso, ficou conhecido também como Tratado de Panos e Vinhos. Os efeitos do Tratado foram desastrosos para o Estado português, pois impediu o franco desenvolvimento das suas atividades manufatureiras e, ao mesmo tempo, estabeleceu a dependência econômica de Portugal em relação à economia britânica.
No plano administrativo, predominou uma orientação centralizadora. O Conselho Ultramarino, criado em 1642, responsável pela administração das colônias portuguesas, perdeu parte de seus poderes, absorvidos pelo próprio ministro. As Capitanias Hereditárias desapareceram, com a transferência para a Coroa dos poderes até então reservados aos capitães donatários. A única exceção foi a capitania de São Vicente, que perdurou até 1759.
Uma das medidas mais controvertidas da administração pombalina foi a expulsão dos jesuítas da colônia, em 1759. No intuito de centralizar a administração, Pombal impediu que as missões se transformassem em um centro de poder autônomo na América.
Após a expulsão dos jesuítas, os bens pertencentes à Companhia de Jesus passaram às mãos de militares e particulares, e parte foi doada ou vendida em leilão. Fazendas maiores transformaram-se em vilas, e o gado foi dividido entre os novos habitantes. Ao passar o ensino para o controle do Estado, o Marques de Pombal criou o imposto, o chamado subsídio literário, para o pagamento dos professores. Seu projeto educacional, no entanto, fracassou.
O ministro tomou outras medidas consideradas modernizantes, tais como a abolição da escravidão indígena em 1757, o fim da perseguição aos chamados cristão-novos (descendentes de judeus convertidos ao catolicismo) e a abolição da escravidão na metrópole.
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