Vende-se a Amazônia
"Dar lugar pros gringos entrar", como cantava Raul Seixas, é um dos maiores temores envolvendo a Amazônia. A ideia de que podemos nos desfazer da floresta existe há décadas. E ganhou força de 2000 para cá, depois que organizações não governamentais dos Estados Unidos e da Europa começaram a comprar terrenos de floresta pelo mundo para impedir seu desmatamento. Eles fizeram isso em lugares como Peru, Guiana, Serra Leoa e Ilhas Figi. Esse tipo de coisa rola aqui também. Por exemplo: o magnata sueco Johan Eliasch, dono de ong, comprou uma área na Amazônia do tamanho da cidade de São Paulo - e revende partes da "sua" selva a ambientalistas. Mas a lei brasileira coloca um freio nisso: 75% da Amazônia ficam sob controle do governo, e não podem ser vendidos.

A água doce é um recurso finito, "estocado" em rios, no subsolo e na atmosfera. E um terço dela está na bacia Amazônica. Algumas regiões já sofrem falta crônica, e o consumo vai aumentar 25% até 2030. Nesse cenário, daria para exportar a vazão do rio Amazonas. A um preço hipotético de US$0,10 por litro, as empresas vendedoras de água levantariam mais de US$400 bilhões anuais - o dobro do faturamento da Apple.
E ainda nem incluímos na conta a maior riqueza da região: metade das espécies vegetais e animais do planeta. Curas de doenças como aids e o câncer podem estar escondidas em uma planta desconhecida, por exemplo - e, com a densidade de espécies de plantas na Amazônia é a maior do Universo conhecido, trata-se de um belo campo de pesquisas. Quanto isso vale? Só a cura do câncer poderia render US$50 trilhões a quem a descobrisse, segundo um estudo da Universidade de Chicago. Para comparar: a receita anual da maior farmacêutica do planeta, a Johnson & Johnson é de apenas US$16 trilhões.
A venda da região Amazônica tiraria 40% do Brasil do nosso mapa, mas é só 5% do PIB. Mesmo assim, seria um trauma forte o bastante para fomentar o separatismo. Num cenário desses, o Sul e o Sudeste formariam um país com o PIB de US$1,2 trilhão, no mesmo nível do México. Os demais estados ficariam com US$500 bilhões, o que dá uma Argentina.
Referência
ABRIL, Editora. E se...?/Editora Abril. - São Paulo: Abril, 2015.
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